quinta-feira, 12 de março de 2009

Não mude.

Por favor, não mude minha manhã

Aquela manhã que eu acordo com meus olhos rodeados da neblina vinda de meu sono.
Aquela que me faz arrependido de ter dormido tão tarde e acordado tão cedo.
Aquela que me obriga a vestir uma fantasia para me juntar ao mundo que nunca amanhece.
Aquela em que eu tomo o leite da caixa e o café da cafeteira.
Aquela que me faz ir até a varanda de casa, olhar para a cidade lá fora e desejar voltar a estar em minha cama.

Vou ao chuveiro sentir agua me consumindo, e o resto da noite descendo pelo ralo.
Não me preocupo em tirar o cinza do espelho, mas mesmo assim eu ainda olho para ele.
Tento lembrar a minha vida, olhando para a minha mancha reflectida no espelho, vou lembrando aos poucos de como ela é, e o que eu tenho que fazer com ela.

Vou ao meu quarto, sento na cama e vejo as fantasias que tenho que vestir, escolho as mais feias, quem sabe assim alguém me nota.

Ao sair do quarto, ainda vejo você, que nunca mudou, e com seus cabelos desajeitados, seus olhos de sono diários e rotineiros conseguiu me fazer um homem com uma vida, cliché, inútil, sem graça, rotineira e indesejável para outros, mas ao olhar para você, desfiz tudo o que ocorreu 30 minutos iniciais do meu dia-inferno lá fora, e volto para os braços de quem me tirou a neblina dos meus olhos todas as manhãs.

Continue com seus cabelos desajeitados
Seus olhos de sono
E com seus braços em cima da minha pele.
Não mude a minha manhã

A vida não fica lá fora.

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